Instruções básicas sobre como proceder para desenvolver um livro, baseadas em experiências como autor profissional há quatro anos.


Criar é uma dádiva de Deus!

Dizia um colega por mera troça, referindo-se à arte literária: “Escrever é brincar de ser Deus.” Por mais que discordasse algumas vezes, esta é uma verdade imutável. Os personagens são criados e os seus destinos são concebidos pela mente criativa do autor.

Mas quais os segredos que permeiam a arte literária? Quais os segredos e quais regras devem ser seguidos? Talvez muitos autores já consagrados fazem as mesmas perguntas.

O desfecho e o clímax são os responsáveis pelo registro de uma história escrita. Isso significa que, para muitos textos literários, como é o caso do romance, o ponto culminante e o epílogo são a essência da obra produzida. Sem uma trajetória e sem um propósito com relação aos personagens e, principalmente, ao protagonista, uma história não tem por que ser escrita.

Deste modo, nada mais certo que debulhar um enredo baseado em apenas um desfecho, um propósito. Todavia, para que este propósito possa ser alcançado, o personagem-chave deve passar por inúmeras “fases”, deve assumir inúmeros papéis, até encontrar o seu verdadeiro destino por meio de um clímax bem elaborado.


1 – O autor cauto

Ao escrever inúmeros textos, descobri ao acaso que um autor deve, às vezes, ser muito detalhista e, em outras, muito cauteloso. Detalhista principalmente ao fato de que os leitores, para que se agradem do texto, devem ter acesso a detalhes importantes para que sejam capazes de imaginar o cenário, a característica dos personagens (o caráter real e o caráter ilusório) e a cena. Cauteloso em um sentido muito restrito, para que o leitor não imagine prontamente o final do enredo ou o seu desfecho.


2 – O caráter real e o caráter ilusório (temporário)

Visto que o autor deve apresentar, inicialmente e ao desenvolver do texto, as características dos personagens criados, ele deve exemplificar e apresentar as reações diante um fato, baseado no que fora apresentado.

De regra, um personagem pode assumir um caráter diverso, um caráter que pode ser chamado de ilusório. Isso ocorre principalmente quando, diante de uma situação ímpar, uma característica apresentada é cuidadosamente desvinculada. Os motivos devem ser bem justificados, levando em consideração a intenção do autor ao submeter o personagem a esta regra. Um personagem brincalhão, para que não fuja à verossimilhança, pode, em determinadas situações, se tornar exaltado, por exemplo.


3 – A Verossimilhança

O simples fato de perceber, em livros, a presença da mimese, questiona-se: “A arte imita a vida, ou a vida imita a arte?”. Tudo se torna contundente quando se fala em verossimilhança. Ela representa tudo o que faz a arte literária sublime. O simples fato de corresponder à realidade é demasiadamente primordial na ficção. Mesmo se tratando de ficção científica, as reações humanas e os seus conhecimentos ficam sobrepostos e estão sempre se aproximando da verossimilhança.

É sempre bom imitar a vida, pois os leitores não hesitarão encontrar em personagens fortes um momento de fraqueza, pois é uma reação humana comum.


4 – Início, meio e fim?

Se o autor prefere seguir o trajeto normal de desenvolvimento do enredo, deve estipular prontamente um início, um meio e um fim. Isso nem sempre é fácil e depende de cada autor, visto que, embora seja comum estabelecer um princípio, apresentando os personagens e a história aos leitores, um meio, apresentando os conflitos, e um fim, por meio da resolução dos conflitos, há casos em que o leitor prefere escrever em ordem inversa ou sem seguir estes passos.

Seguindo este princípio, o autor deve ter em mente todo o “mapeamento” do enredo, cuidando sempre para que nenhum fato fuja ao que fora apresentado anteriormente; ou seja, o autor não deve se perder do enredo, estipulando uma ocorrência e, em seguida, desfazendo o que fora estabelecido ao leitor com outro fato que não é simétrico ao primeiro. Por isso, torna-se importante a leitura de todo o texto após a sua finalização, corrigindo as inconsistências.


Conheça o RBS



Subscribe to RBS RSS by Email