O Universo Poético

Parte 1

Ronyvaldo Barros dos Santos

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Sempre que pensarmos em poesia, estaremos refletindo sobre a própria vida dos seres que habitam nosso planeta ou qualquer outro.

Podemos dizer que poema e poesia são sinônimos, porém não é tão simples. Num poema há poesia? Poesia é, pois, a manifestação dos sentimentos no seu estágio mais humano. Já o poema não passa de um texto escrito em versos. Por isso dizemos que um texto jornalístico, por exemplo, possui poesia desde que o autor esteja preocupado em retratar o sentimento interior, como a agonia de uma mãe que perde o seu filho em razão de uma guerra.

Os grandes poetas, desde os primórdios, procuram sintetizar o amor. É esse um sentimento que representa tudo o que há de bom e poético.

Há poesia também — não esqueçamos — nas construções textuais dos quais os autores se utilizam para criar ritmo a esta produção meramente artística que é a literatura. Muitos pensam que um autor, ao escrever utilizando-se de sinônimos desconhecidos do leitor e diferentes dos usados coloquialmente, é arrogante e exibido. Porém a verdade é que este autor busca senão o ritmo e/ou o efeito alcançado por apenas uma palavra que, acoplada aos verbos, advérbios, substantivos, constitui uma arte sublime entre todas, a arte da palavra.

Leia abaixo o poema de Vinicius de Moraes “Soneto da fidelidade”:

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.


E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa me dizer do amor ( que tive ):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

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Este é um dos mais belos poemas em língua portuguesa. É um soneto, como o próprio título deduz, pois possui quatorze versos distribuídos em quatro estrofes, com dois quartetos (estrofes com quatro versos) e dois tercetos (estrofes com três versos).

As construções poéticas clássicas admitem redondilhas métricas, em que sílabas poéticas formam a redondilha maior e a redondilha menor, de sete e cinco sílabas métricas, respectivamente. As sílabas são distinguidas pelos sons, fonologicamente, deste modo temos a junção de sons do fim de palavras que são puxadas para a palavra seguinte, mais comuns em vogais, como em grave e pura, que fica, gra/ve e/ pu/ra.

A rima e o ritmo são elementos fundamentais da poesia. Eles criam musicalidade.

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